Servidores lotam auditório para conhecer a história do Palácio da Democracia

Evento promovido pela Escola Judiciária Eleitoral do TRE-RJ apresentou a memória do edifício e lançou livreto comemorativo

Professor da UFRJ Victor de Melo, homem pardo, com cabelo e barba grisalhos, com óculos, gesticu...Servidores lotam auditório para conhecer a história do Palácio da Democracia

Sede do TRE-RJ, o Palácio da Democracia, foi tema do painel acadêmico "Entre o passado e o futuro da democracia: o Palácio na visão de um flâneur", realizado nesta quinta-feira (5) pela Escola Judiciária Eleitoral. O evento reuniu especialistas para discutir a história e a arquitetura do prédio, tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e que, desde 2024, abriga unidades da Justiça Eleitoral fluminense.

A diretora da EJE, desembargadora Maria Helena Pinto Machado, destacou o objetivo de aproximar passado e futuro: “Somos fruto da nossa história. Conhecer o contexto da construção desse prédio é entender quem somos.”

Durante o encontro, foi lançado um livreto que resgata aspectos históricos e arquitetônicos do edifício.

O presidente do TRE-RJ, desembargador Peterson Simão, elogiou a iniciativa: “Me considero um flâneur. Ver tanta gente aqui reunida nesse espírito reforça que a democracia depende de cada brasileiro”, conclamou.

Também participaram o vice-diretor da EJE-RJ, desembargador eleitoral Bruno Bodart, o presidente do Fórum Permanente de Direito Eleitoral e Político da EMERJ, desembargador Fernando Chagas, e o ex-ouvidor do TRE-RJ, Allan Titonelli.

Modernidade e transformação urbana

Professor dos programas de pós-graduação de História Comparada e da Faculdade de Educação, ambos da UFRJ, Victor de Melo abordou o Rio de Janeiro das décadas de 1920 e 1930, marcado por transformações urbanas, modernização e gentrificação do Centro. Lembrou reformas conduzidas por Pereira Passos e Carlos Sampaio, e a inauguração do edifício em 1926, um dos primeiros do país com estrutura em concreto armado, para sediar o Banco Alemão Transatlântico.

O acadêmico destacou a efervescência da Belle Époque e o impacto das grandes reformas, como a demolição do Morro do Castelo e a abertura da Avenida Rio Branco, que transformaram o Centro em polo financeiro e cultural. “Diferentemente das capitais europeias, aqui a modernidade veio com políticas públicas desordenadas”, criticou.

Sobre o Palácio, ressaltou o estilo eclético, com traços art nouveau e art déco: “Hoje, ele é um sopro de beleza arquitetônica no Centro, simbolizando a democracia em tempos desafiadores”.

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História e arquitetura

Também professor titular da UFRJ, de programas de pós-graduação em História Comparada e Arqueologia, André Chevitarese destacou a escolha estratégica da Rua da Alfândega para a construção do edifício, pela proximidade com o porto e instituições financeiras. Após a liquidação do banco durante a Segunda Guerra, o prédio passou ao governo brasileiro, abrigando posteriormente a Secretaria Estadual da Fazenda.

Chevitarese explorou ainda os adornos do Grande Hall e os vitrais com referências à Revolução Industrial e ao comércio, expressando uma narrativa visual de progresso.

Memória institucional

Rodrigo Japiassu, chefe da Seção de Gestão da Informação e Memória do TRE-RJ, apresentou o painel “Construtores de memória: Palácio da Democracia como patrimônio arquitetônico”. Ele destacou o trabalho da Justiça Eleitoral na preservação da memória institucional, como o Portal Memória e a exposição pelos 50 anos do TRE-RJ.

“Essas iniciativas promovem valores como transparência, sustentabilidade e combate à desinformação. Hoje, um espaço antes voltado a interesses privados representa os valores da democracia”, afirmou.

Ao fim do evento, os interessados puderam participar de uma visita guiada aos ambientes do Palácio da Democracia.

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