Em live do TRE-RJ, padre Omar fala sobre intolerância religiosa e critica uso político da fé
Reitor do Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor foi o convidado do quarto episódio da série de lives “Café com o TRE”

“A intolerância religiosa é uma segmentação própria de um tema mais amplo, a intolerância, que é a incapacidade de aceitar aquilo que é diferente”, explica padre Omar, convidado do quarto episódio da série de lives “Café com o TRE”. Nesta sexta-feira (1º), o religioso foi recebido pela diretora da Escola Judiciária Eleitoral do Rio de Janeiro (EJE-RJ), desembargadora eleitoral Daniela Bandeira, para um bate-papo sobre intolerância religiosa e suas consequências.
O reitor do Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor afirmou que a liberdade religiosa é um valor democrático e que o discurso preconceituoso e radical gera uma série de prejuízos, inclusive culturais.
“Certa vez pensei em realizar uma apresentação de cultura popular no Cristo Redentor. Pretendia convidar o grupo de Folia de Reis do Morro Santa Marta, uma tradição centenária. Descobri que o grupo não se apresentava mais, pois o líder religioso local disse ser contra aquela tradição do folclore, da religiosidade e da cultura popular”, lamenta padre Omar.
O padre Omar lembrou casos de intolerância religiosa ocorridos na Baixada Fluminense e comentou que, pelo grande número de ocorrências, o Rio de Janeiro conta com uma delegacia especializada nesse tipo de crime. O religioso e a diretora da EJE-RJ ainda demonstraram preocupação com o fato de a maioria dos casos de intolerância acontecer contra religiões de matriz africana, o que dá contornos raciais ao preconceito.
“O estado precisa criar proteção social para os líderes religiosos e fiéis de todos os segmentos, até mesmo para o ateu”, defende Padre Omar. Ele ressalta que a responsabilidade não é só do estado e defende a participação das instituições. O convidado lembrou de quando decidiu apagar a iluminação da estátua do Cristo Redentor em solidariedade ao jogador Vinícius Júnior, do Real Madrid, que foi vítima de ataques racistas durante partida de futebol na Espanha.
Ao recordar as eleições de 2022, padre Omar disse que precisou ser firme para garantir a imparcialidade do Cristo Redentor, pois grupos religiosos diversos queriam utilizá-lo políticamente.
“Claro que os líderes religiosos têm suas opiniões e opções políticas. Porém, institucionalmente, eu não posso me apropriar do espaço religioso para fazer publicamente uma opção política, que pode sim determinar o voto do outro e ser instrumento de manipulação”, declarou padre Omar.
Para ajudar na educação contra a intolerância religiosa e seu uso político, o reitor do Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor propôs ao TRE-RJ, nas cartilhas institucionais que tratam da democracia, que seja englobado o tema da tolerância religiosa.
“A igreja e o estado são instituições autônomas e independentes, que devem cooperar entre si em vista do bem comum”, concluiu padre Omar.
O conteúdo da live está disponível na íntegra no canal TV TRE-RJ no Youtube.